EBC implode debate sobre teletrabalho e quer extinguir home office integral
Os sindicatos dos jornalistas e radialistas do DF, RJ e SP foram surpreendidos com a notícia, na manhã desta quarta-feira (24), de que a Empresa Brasil de Comunicação (EBC) decidiu passar por cima do que vinha sendo debatido com as entidades a respeito da revisão da norma de teletrabalho. Em reunião com as entidades, a área de recursos humanos anunciou que a intenção é acabar com o teletrabalho integral, passando a existir só a modalidade híbrida, com idas presenciais três vezes por semana.
Essa é uma grave decisão não só pelas consequências que incidirão sobre a vida das e dos trabalhadores da EBC, mas sobre os próprios produtos e serviços prestados pela empresa. Atuamos, hoje, com alto déficit de pessoal, e há possibilidade de que funcionários atualmente em teletrabalho integral peçam demissão ou licença não remunerada, diante da impossibilidade de retorno presencial. Vale lembrar que a regra hoje utilizada pelo Governo Federal permite o teletrabalho integral, ou seja, partiu estritamente da EBC essa proibição de agora.
Até então, a própria EBC propunha teletrabalho integral para até 20% do total dos funcionários de cada setor da empresa autorizados a aderir ao home office, e prazo de 180 dias para adaptação à nova norma. A empresa não apresentou estudo ou dados sobre a eficiência do trabalho remoto, apenas afirmou que há trabalhadores que não têm dado conta das demandas. Ao invés de voltar essas pessoas para o presencial, coisa que a própria norma já prevê, preferem usar casos isolados como justificativa para fazer essa regressão.
Embora o texto da nova norma não tenha sido informado aos sindicatos, foi dito na reunião que o prazo para que as pessoas atingidas se adaptem será de até 30 dias corridos.
A intempestividade da empresa também representa desrespeito às entidades sindicais e destrói qualquer imagem que a gestão da EBC queira fazer de si como afeita ao diálogo e à escuta dos trabalhadores.
Sindicatos e empresa vinham realizando reuniões a respeito da norma. Já havíamos contestado o que considerávamos uma proposta limitadora, punitiva e que representava insegurança legal para quem aderisse ao teletrabalho. A diretoria da EBC não só não acatou nenhuma recomendação, como jogou fora todo o debate feito entre as partes.
Temos várias frentes de diálogo abertas atualmente: PJ, PCR, ACT, concurso público... O que se abate sobre os representantes em todos esses espaços é uma sensação de falseamento de participação dos empregados, e o temor de que isso se repetirá com as outras normas em debate. Depois de meses de reuniões sobre PCR, por exemplo, ainda não ouvimos ou lemos um item sequer do que a EBC pretende para o novo Plano de Cargos. Agora, sabemos, mais do que nunca, que há uma chance real de ser um diálogo de fachada.
A norma de teletrabalho, segundo a empresa, será objeto de deliberação na Direx desta quinta-feira. As entidades representativas das empregadas e dos empregados da EBC esperam que a gestão volte atrás nessa implosão e estabeleça negociações de fato e de efeito não só neste caso, mas em todos os outros debates em curso.
Sindicatos dos Jornalistas do DF, Rio e SP
Sindicatos dos Radialistas do DF, RJ e SP